CARTAS DE AMOR 014

Caríssimo

Durante este ano te escrevi e agora com a aproximação das Festas Natalinas, meu corpo mais quer estar contigo. Meu coração fervilha de amor!
Olha, meus olhos decididamente estão entre o azul do céu e a lembrança de tua boca. Como uma formiga no corpo, caminha um desejo em mim de estar em teus braços. Mas ponho os pés no chão e me deixo ficar de frente para o sol e para o caminho do trabalho, e o que vejo é que te amo mais e mais e mais... O querer de meu corpo é o de sempre, e meus olhos, minha boca e meu coração são elementos de tudo isso...
Por entre as pessoas de minha pequena cidade, passo num cumprimento radiante. Alguns me abraçam rapidamente, outros apenas me olham, e continuo a me dirigir ao trabalho como se o dia fosse ser o que desejo. Não me custa sonhar, penso.
Ao lado da pracinha, um menino de uns três anos numa calçada concentra-se no canto dos pássaros de uma velha árvore. “Dem-te-vir!”, ouço-o na linguagem infantil. Sorrio e o menino para momentaneamente, depois me esquece... Antes de dobrar a esquina já o ouço cantar novamente.
Sigo e resolvo não olhar para trás.
O canto dos bem-te-vis e a inocência infantil poderiam querer me fazer cantar para ti... Nesses momentos, eu posso dizer com todas as letras o quanto é maravilhoso amar. Ah, tão pouco nos pode fazer feliz! Não há um sentimento melhor que este para se falar de Natal!
Chego à escola.
As crianças estão brincando no pátio.
Agora meu tempo é delas...

A ti, meu eterno amor, meu beijo. Teresa.

P.S. Que teu Ano Novo seja de tudo de bom que pode acontecer, o mais, somos adultos e sabíamos que seriam apenas quatro dias para nos amarmos. E foi quanto tivemos.