CARTAS DE AMOR 011

Caríssimo

O cair da tarde por entre a rua... E pouso meus em coisas de minha terra
A pracinha da igreja e os meninos que brincam em suas calçadas... a mangueira na porta da casa de seu Nélson, carregada de frutos... e o cantar dos pássaros por todo lado
Sento-me numa cadeira e fico observando quem passa... (Um homem de uns cinquenta anos conversa com uma criança perto do coreto, erguendo os olhos para o fim da rua... Vejo nele tanto de ti...) E deixo-me pensar em teu caminhar... No sorriso de teus olhos, unidos aos meus, em horas de nossas conversas. Lembras como eu te olhava
Estávamos no hotel. Hora do jantar... Só meus olhos castanho-escuros denunciavam o meu querer ardente por ti... Mas isso não te passou despercebido... Lembro que disseste baixinho: “Tenha calma, logo, logo estaremos a sós!” E por toda a noite fiquei te bulinando com os olhos.
Em tuas mãos estava meu corpo. Estava também o poder das palavras. Quanto eu esperei ouvir de ti: “Não é um adeus!”. E quanto me foi difícil partir. De onde me veio tanta força para não te dizer que te amo e que não importa estarmos distantes? Eu devia ter gritado: “Eu te amo mesmo assim
Acontece que parti. E tu ficaste na estação... As pessoas passando, passando e as vozes sussurrando coisas... E não dissemos adeus... Ficamos só nos olhando
O sol já não se encontra mais pela rua... Cores escuras se lançam por todos os locais E eu, pensando, pensando, pensando

Até